segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Eu


Bom, 2010 chegou e só pra não deixar passar em branco o começo dos posts desse ano: Feliz Ano Novo. Mas é só isso que tenho a declarar sobre esse ano por enquanto. Me peguei com umas ideias meio novas e, bom, vamos ver no que isso dá.
Nasci em 1993. Não sei o nome da minha mãe biológica e muito menos do meu pai, não tenho o interesse de saber. Fui adotada com um ano e três meses, em agosto, por uma família no mínimo peculiar. Pais bem diferentes, uma mãe pensadora e um pai sentimental, um irmão e uma irmã adotados também, cada um de uma família diferente, assim como eu. Desde pequena eu tive um grande diferencial dentro de casa, meus pais conheciam um Deus e desde pequena eu ouvia histórias desse tal Deus, eu sabia que Ele tinha feito grandes milagres na vida de muitas pessoas e que Ele as amava, e naquela época isso era suficiente. Eu fui crescendo. Como toda criança eu entrei para a escola, fiz amigos que duram até os dias de hoje. Aprendi a ler, escrever e, na época, até a dançar balé e jazz. Troquei de escola, tive que aprender a fazer novas amizades, a me adaptar em um lugar totalmente diferente do que eu estava acostumada. Dentro de casa eu ainda era meio alienada aos fatos, pra mim era quase impossível entender completamente que as coisas não iam bem, que meu pai estava começando um negócio novo somente dele, que minha mãe estava ficando realmente doente, que meu irmão tinha problemas que eu nem sequer sabia direito do que se tratava, que minha irmã já não achava suficiente o amor daquele Deus. Não foi uma época fácil, foi uma transição, a primeira delas. Era a minha vez de largar as bonecas para tentar entender que havia um 'colapso' e que eu estava dentro dele. E apesar de todas essas novidades entrando a vida continuava, eu continuava. Na minha sétima série eu conheci meu espinho, o problema com o qual eu lutaria pelos próximos anos sem nem ao menos saber disso naquela época. Foi um ano conturbado, o ano em que aquele Deus era mais uma pedra no meu sapato do que um Cara que valia a pena ouvir as histórias. Enquanto tudo me pedia um pouco mais de calma, me pedia pra que eu vivesse minha pré-adolescência intacta, lá ia eu buscando minhas primeiras marcas permanentes. Minha vida começou a virar uma montanha-russa, eu até entendia que aquilo não era o melhor, eu só não sabia como desistir daquilo. O ano seguinte foi um ano inteiro onde eu me agarrei naquele Deus dos meus pais, e aquela primeira marca doía (e doía muito!) e parecia que nada fazia ela desaparecer. Até que no ano seguinte Deus me mostrou que as coisas trocavam de lugar e que aquela dor, que uma vez era o centro de tudo para mim, já não precisava mais ter lugar na minha vida. Aquele Deus que eu não compreendia começou a colocar pessoas escolhidas a dedo na minha vida, pessoas que me fariam mudar e entender um pouco mais da grandeza Dele. E, apesar de dentro de casa as coisas só piorarem, eu sabia que comigo as coisas iam bem, porque tinha Alguém que segurava tudo por mim.
No ano seguinte, 2008, aquele espinho voltou a cutucar e mais uma vez eu me machuquei, encontrei uma marca um pouco mais profunda do que aquela da minha pré-adolescência, descobri como era não ter amigos, como era mentir para os outros e para mim mesma. Perdi o que para mim era mais importante, comecei a olhar mais para a minha família e, cada vez que eu olhava mais de perto, mais falhas eu encontrava e mais eu via como era difícil o conserto. E, mais uma vez, o tempo continuou passando, carregando com ele cada pequeno detalhe do passado.
O ano seguinte, nosso tão 'querido' 2009, veio com tudo ao extremo para mim, vida com aquele Deus ao extremo, mancadas ao extremo. E aquela montanha-russa era maior, quanto maior a altura que eu subia, maior era a queda. Até que eu percebi que minha montanha-russa era um abismo. Ela não subia, não mais. Mais uma vez meu espinho veio me incomodar, veio marcar presença. E ele marcou, através de cortes. Um corte atrás do outro, uma tentativa de mudança atrás da outra, até que na ante penúltima eu desisti. Eu estava sinceramente cansada de tentar não me cortar, era bem mais fácil só deixar que aquele espinho me atormentasse continuamente. Foi uma época difícil. Não digo que ela tenha valido a pena, mesmo que eu tenha crescido, não é sempre que precisamos aprender pela dor, eu não precisava, eu escolhi essa forma. Não sinto culpa, pelo menos não o tempo todo, porque descobri que não vale de nada apenas se afogar num mar de culpa e não se mover para mudar e não mais se sentir assim. Deixei de ouvir as pessoas, porque eu sempre me importava demais com o que elas diziam e, as vezes elas tinham razão, mas não era sempre. O que elas falavam atrapalhava mais do que ajudava, tive que deixar aquele Deus me mostrar quais eram as pessoas que eu deveria ouvir e levar em consideração. Parei de me cobrar tanto, não busquei mais a perfeição em ninguém, porque o que menos se encontra em mim é perfeição.
Bom, meu espinho continua ali, minha meta para esse ano e para todos os seguintes é lutar contra ele, mas não deixar mais que ele me machuque. Eu ainda erro sim, ainda quebro muito a cara, me decepciono comigo mais do que queria. Já tenho uma pequena, mas significativa, base do que é certo e o que é errado. Tenho meus princípios, apesar de nem sempre conseguir segui-los a risca. Tenho ainda uma vontade dentro de mim, vontade de vencer, vencer pra meu próprio benefício. Tenho ouvido que Deus vai suprir cada necessidade minha, porque Ele conhece elas, tenho esperado para comprovar a veracidade dessa frase. Quero esperar para ver ela se cumprir, quero acreditar nela.
Eu não sou o que o tempo moldou. Sou um pouco da lapidação dos anos e, ainda, um pouco do que trago desde pequena, da minha criação. Hoje, eu posso contar histórias desse tal Deus. Eu sei que Ele tem feito grandes milagres na minha vida e que Ele me ama e, agora, isso é mais do que suficiente.

'Eu vivia uma vida só para mim, e alcançava as coisas que me destruíam. Era tão doente de invejar a vida dos outros. Acreditando de alguma forma que eles tinham o que eu precisava. O meu Deus é o suficiente para mim. Este mundo não tem nada que eu preciso. Nesta vida inteira eu percebi que o meu Deus é o suficiente, o suficiente pra mim. Eu não consigo explicar o porquê eu sofro. Embora eu viva para Ti, aqueles que te negam enfrentam isso melhor do que eu. Cubra meus olhos agora de forma que meu coração possa finalmente ver que no fim só Você significa algo. A quem tenho eu no céu além de Ti? Não desejo nada além de Ti. Meu coração pode falhar, mas Você não, Você é meu para sempre.' Barlow Girl

3 comentários:

  1. Hm, sua vida parece interessante. E mais interessante ainda, é ver o tamanho da sua fé.
    As vezes eu até me inspiro em você Bah. Você é um exemplo de força ( pra mim ) minha querida.
    Como sempre, teu post tá incrível.
    Espero ( de uma vez por todas ) te conhecer por inteira esse ano Bah.
    Eu te amo muito querida. :*

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  2. legal your history!
    INTERESTING!
    que Deus te dê forças pra vencer o espinho (você diz como Paulo do espinho na carne?)!
    Não desista do amor...
    ELE não desiste de você!

    gustavomunhon.blogspot.com

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